quinta-feira, 28 de junho de 2012

Uma festa dentro de mim

Resolvi dar férias para as dores, tristezas e decepções. Cansei de ficar reclamando, de achar culpados para a minha angústia. Resolvi mandar tudo plantar batatas e decidi: vou fazer uma festa dentro de mim!

Pra começar eu vou para o espelho ensaiar o meu melhor sorriso, vou retirar essas marcas da minha testa, vou jogar fora essa máscara de dor que me acompanha há tantos dias, e preparem-se: eu quero é ser feliz. Quero conhecer pessoas como você que é alegre, pra cima, alto astral, pra falar a verdade, eu também era assim, até que uma decepção me jogou para baixo.

Mas, hoje eu não quero falar de tristeza, quero saber é de coisas boas, quero ir ao cinema, sabe há quanto tempo eu não vou ao cinema? e tem mais, eu vou escolher o filme, chega de "gente" ficar escolhendo o que eu quero.

Hum! Acho que vou passar no cabeleireiro antes, vou pintar os cabelos, cortar umas pontas, vou me agradar, só para o meu prazer.

Engraçado, agora que eu falei nisso, sabe que eu estava em um relacionamento onde eu fazia tudo para agradar a pessoa que estava comigo, fazia isso, não fazia aquilo para não magoar, não usava aquela roupa, usava aquele perfume, tudo para acertar, para manter o "clima", para fazer o gosto da pessoa e resolveu o que? Ganhei um pé no traseiro, e perdi a vontade de viver.

Você sabe onde eu errei? Hoje eu sei! Eu errei na hora de anular os meus desejos, em transferir a minha vida para as mãos de outra pessoa, e é lógico, quando eu percebi que era o fim, fiquei sem chão, sem mundo, sem vida.
Mas, hoje é dia de festa e só para o meu prazer vou tomar um banho demorado, e vou fazer de conta que a água do chuveiro é água de batismo e vou "renascer para á vida". Sai da minha frente que eu quero viver!

Quem quiser que me acompanhe.

domingo, 3 de junho de 2012

Não tento ser o que não sou.


      Eu nunca fiz questão de ser o que eu não era. Sabe essas coisas de menina? Escrever com caneta lilás, ter tudo rosa, pregar adesivo no caderno, colecionar papel de carta, usar as duas meias ajeitadinhas na mesma altura, falar baixo, ter gestos delicados, usar saias, gostar de maquiagem, joelhos lisinhos, cabelo penteado, ser tímida, não responder à pergunta da professora por vergonha?

     NUNCA FIZ ISSO quando era criança. Eu era o furacão. O Monstrinho. Conversava na sala em horários indevidos, brigava com os professores que não ensinavam direito. Eu era a gorda baixinha geniosa entrona cdf metida. E tentava me incentivar a ser mais menina, menos desajeitada, menos desastrada. E eu dizia: "Mãe, eu não sou assim não, mãe".

     Tudo eu fazia com intensidade, com fúria, com paixão, e até com sofreguidão. Desenvolvia obssessõezinhas. Assistir cinco vezes ao mesmo filme, ler trinta vezes o mesmo livro, ouvir cem vezes a mesma música, contar mil vezes a mesma piada. Tudo com imensa franqueza. Com um intenso gostar. Eu sempre fui sem-vergonha. Não sei ser tímida.

     Essa baboseira toda é pra dizer que não sou, não tento  e jamais tentarei ser perfeita. Aliás, as vezes dou foras e em seguida sou a rainha do "desculpaí". Explodo e minutos depois, estou tentando consertar as coisas.

     As pessoas tentam desculpar: "Tudo bem, eu te desculpo, eu sei que você tá tentando mudar esse seu jeito". Ou seja, "Eu te desculpo, mas espero que você passe a ser doce, meiga, gentil, cordata, pacífica, num futuro próximo." 

     E eu digo: "NÃO! Não estou tentando mudar não. Eu faço truculências, sou rude, sou impaciente, sou egocêntrica, acabo ofendendo os outros. Não acho que estou certa, mas sou assim e aprendi a gostar de mim dessa maneira. Peço desculpas, sim - pois amo as pessoas com quem explodo, e ofendo intensamente as pessoas que mais intensamente amo - mas não tenho um pingo de vontade de ser bibelô."

     Cá entre nós, eu acho que eu sou mais inofensiva assim do que sufocando a grosseirona que eu sou, e fingindo ser uma doçura de mocinha.